30.10.06

Épico

Ô, Penélope
Descansa esse olho baixo
e essa espera funda
que teu homem não há de
voltar
por hoje

Esquece essa tragédia
e esse estigma no peito
Esquece só por hoje de ser
Jacó,
pra não ganhar mais sete anos
retalhando a cara

Pára de tecer
que entristece só de olhar,
não desmancha dessa vez

Ô, Penélope
Vem comigo caçar marido
no festejo de Santa Rita
que parece que o pipoqueiro
hoje leva um amigo

passado, pelas 03:16 7 comentários

25.10.06

silêncio

entidade sutil
nas tênues fronteiras
o vazio é a sua presença

o silêncio
esse ilimitável
pode ser na madrugada
na distância
e nas cigarras

como ponte
nos leva para dentro
e para longe

passado, pelas 20:35 4 comentários

HORÓSCOPO DO MAL *

(O MAR NÃO ESTÁ PARA PEIXES)


ÁRIES: Há pessoas por aí com toda espécie de desejos. Elas se chocam o tempo todo, se encontram, experimentam a companhia das outras, e pode ser até que seus desejos sejam compatíveis, ainda que em graus diferentes. Isso está claro, como está claro que na maioria das vezes as pessoas deixam seus desejos de lado e se acomodam confortavelmente em padrões de relacionamento já experimentados, dos quais se tornam funcionárias. E no meio do caminho elas esquecem de investigar seus desejos mútuos, e sobretudo de explicitar seus próprios desejos para que o outro tenha a opção de saciá-los. E POR ISSO VOCÊ, ARIANO (A) INFLEXÍVEL, VAI QUERER SIMPLESMENTE FICAR SOZINHO (A) DE DOIS EM DOIS ANOS, SE NÃO FOR FORÇADO A MUDAR DE CAMINHO.


TOURO: Cuidado com o excesso de tolerância. Olhe ao redor: você com certeza vive em um lugar em que tudo e todos já são suficientemente aceitos. Não faz sentido seguir reivindicando igualdade universal e irrestrita. Com a lua quarto crescente em Escorpião, O MÊS SERÁ PROPÍCIO PARA EXERCER SEUS PRECONCEITOS E TIRAR DO SÉRIO ALGUMAS MINORIAS que ainda se acham discriminadas. Escolha vítimas de sagitário, aquário e libra, signos que não combinam com o seu.


GÊMEOS: Plutão (sim, Plutão!) está passando em sua vida, exercendo o costumeiro efeito devastado. Pode ser uma boa gastar todas as suas economias para mandar reformar, e transportar por milhares de quilômetros, aquele antigo piano no qual você aprendeu a tocar na adolescência. Faça com que seja içado até a janela de seu apartamento e posto na sala de estar. Todo dia, a partir daí, toque o piano de madrugada para sublimar a angústia de estar exatamente aí, neste apartamento, agora, sem dinheiro, neste lugar e em nenhum outro, sendo esta pessoa e não qualquer outra, imaginando como teria sido SE TIVESSE INVESTIDO DINHEIRO EM UMA PASSAGEM DE AVIÃO PARA UM PAÍS DISTANTE, PARA BEM LONGE DA PESSOA QUE ESTÁ DEITADO NO QUARTO AO LADO, olhando para o teto, comovida com a música que você toca. Ou então dê ouvidos à sua outra metade, compre a tal passagem de avião e suma (de preferência em Paris).


CANCÊR: Você quer alguém em que possa pensar o tempo todo, e essa é uma expectativa deletéria. Não é preciso ir tão longe, nada além de algumas poucas noites em claro, lembrando sempre que o prazer pode ser comparado a DISPAROS DE ELETRICIDADE QUE PERCORREM A PELE EM CIRCUITOS MAIS OU MENOS PREVISÍVEIS, os quais devem ser estudados e explorados. Seu signo é regido pela lua: aproveite para calcular a posição das janelas e a arrumação dos quartos de maneira que a luz da lua cheia incida diretamente sobre as camas nas noites de céu limpo. E cuidado com o pâncreas.


LEÃO: Haverá diversos, mas breves instantes de transcendência nos anos que seguem, e a tarefa mais complicada será sobreviver a eles, ou manter uma visão entusiasmada da sobrevivência no meio-tempo entre um e outro. VOCÊ GOSTA DE SER O CENTRO DAS ATENÇÕES, MAS PREPARE-SE PARA SER ESNOBADO. Distraia-se dos problemas, finja que essa vida de vazio e terror está sobre controle. Tome um porre para não pensar em mais nada (mas evite licor de ovo e conhaque de alcatrão) e no dia seguinte passe duas horas praticando seu esporte favorito: imagine que você está segurando a morte pelo pescoço, impedindo que a maldita respire, nem que seja por alguns instantes.


VIRGEM: Para os virginianos que adoram ordem no meio da desordem, pequenos rituais individuais são substitutos mais eficientes para os rituais coletivos, que tendem a ser niveladores e dogmáticos. IDENTIFIQUE OS PEQUENOS RITUAIS QUE VOCÊ JÁ CULTIVA E NÃO PENSE DUAS VEZES ANTES DE CRIAR NOVOS. Experimente, por exemplo, passar alguns minutos por dia estourando as bolhinhas de um plástico-bolha ? mas nunca, jamais, em dia de lua nova e na companhia de um sagitariano: as conseqüências podem ser nefastas.


LIBRA: Olhe para o céu: Vênus está quase apagada. Seu magnetismo está comprometido. Esqueça os rins e as dores na lombar, pois a carência será a grande doença do futuro próximo. Alivie os sintomas com colo, abraços longos, aconchego. LOGO VOCÊ ESTARÁ MAIS PREOCUPADO EM ENCONTRAR A PESSOA CERTA DO QUE EM SER A PESSOA CERTA, o que será o passo final para que você se torne um autômato, um pobre coitado definitivamente solitário, ainda que, como sempre, sejam mantidas as aparências.


ESCORPIÃO: Para você sexo é quantidade, intensidade, desempenho, sujeira e degradação. Para o seu parceiro é carinho, respeito, fruto ocasional de uma configuração muito especial de fatores emocionais. VOCÊ QUER A MÃO INTEIRA, MAS SÓ CONSEGUE AGRADAR OS OUTROS COM AS PONTAS DOS DEDOS. É hora de tomar uma atitude. Chame os amigos e alugue uns dvds.


SAGITÁRIO: Pode ser verdade que amamos somente aquilo que podemos perder, que estamos permanentemente simulando uma desejada conexão com o que existe fora de nós (a tal epifania que só será alcançada com a morte) e que aí será tarde demais e blábláblá, mas o sagitariano, de alguma forma, percebe-se como uma negação de tudo isso. Erro grave. Os eruditos sabem que até Júpiter pode tremer. ATENÇÃO: OS ASTROS GARANTEM QUE VOCÊ AINDA É UM MORTAL.


CAPRICÓRNIO: Todos os erros que você cometeu na vida foram por excesso de bondade. É hora de errar por maldade, por egoísmo, por insensibilidade. Torre seu dinheiro em benefício próprio. Informe a todos que dependem de você que agora eles estão sozinhos. COMPRE UM REVÓLVER. COMPRE UMA MOTO. FIQUE DOENTE E TORNE-SE UM FARDO. Já está na hora.


AQUÁRIO: A qualquer instante, qualquer coisa que pode acontecer tem 50% de chance de acontecer e metade de não acontecer. Qualquer outra estatística é bobagem. Observe o mundo com distanciamento e verá que isso é verdade. SÓ NÃO ESPERE QUE ESTA REVELAÇÃO TORNE SUA VIDA MAIS FELIZ.


PEIXES: Hora de repensar suas convicções. Pense bem nos seus livros favoritos, nas músicas que lhe dão vontade de ser um cantor e compositor, nos filmes que você comprou para assistir novamente a determinada cena, em todos os fragmentos de verborragia confessional que você despejou num diário, num blog ou no ouvido alheio e pergunte-se: SÃO ELES QUE DIZEM QUEM VOCÊ É OU, É VOCÊ QUE CEDE CADA VEZ MAIS UM PEDACINHO DA SUA VIDA PELO CONFORTO DE SE VER REFLETIDO NELES? Quebre todos os espelhos da casa. Evite lanchas, pranchas, veleiros, bóias, corvetas e esquis. O mar não está para peixes.


* : apelido carinhoso, horóscopo extraído da revista Piauí, outubro de 2006. Por Chantecler.

passado, pelas 08:02 4 comentários

23.10.06

A DOIDA E O GATO



A DOIDA morava em um trailer. De todas as posses que teve na vida (e dizem que teve muitas, quando ainda não rasgava dinheiro); aquele trailer carcomido, enlameado, fodido era a última coisa que possuía.

O automóvel, algumas panelas e alguns trapos eram tudo o que deixaria para os seus herdeiros.

Era fato, porém, que o mais próximo que teria de um herdeiro seria seu gato.

O GATO era seu único companheiro. Não era exatamente um companheiro fiel, porque volta e meia pegava suas botas e afastava-se léguas, voltando sempre tarde, com uma vida a menos e um bafo insuportável de cachaça.



Ela, por sua vez, era um poço de fidelidade, embora o fosse antes por falta de opção que por excesso de afeição.

Acontece que no dia em que A DOIDA MANDOU o padre, o melhor amigo e a mãe ENFIAREM A MORAL E A IRONIA NO CÚ; O GATO foi lá e COMEU A SUA LÍNGUA. Neste dia, o gato fez por ela coisa que pessoa nenhuma no mundo faria.

Pois era a mais pura verdade que A DOIDA ESTAVA MORRENDO PELA BOCA. Dizem que no começo ela engolia seco. Depois passou a engolir sapos, sapos bem vivos e bem gordos. Daí passou a engolir qualquer desculpa, qualquer oferta, qualquer pedra sem tempero mesmo. ENGOLIA A PORRA TODA.




Ele, um gato das ruas, sempre sentiu-se atraído por tipos birutas. Não se dava com os da sua espécie, viera homem por vezes demais neste mundo e ninguém, NEM DEUS CONVENCERIA O GATO A VIVER COMO UM BICHO. Fazia questão de tomar banho na chuva ou em um laguinho, e só usava a língua para lamber cachaça no chão dos bares. Gostava mesmo era de cachaça, apesar de render-se à cerveja também, quando era o que tinha.



Ainda era, assumidamente, um errante. Mas sabia que viera gato nesta vida para LEMBRAR DE TODAS AS OUTRAS VIDAS QUE TIVERA E SÓ CONSEGUIR MORRER NA OITAVA TENTATIVA. Viera gato para viver com o remorso, a culpa, a memória implacável e inadiável.


A DOIDA, dizem, nem sempre viveu em um trailer, isolada do resto do mundo, cheia de tatuagens estranhas pelo corpo. Já teve emprego, carro, casa, marido, celular, e-mail. Antes, ela era apenas meio excêntrica, o que imprimia-lhe até certo charme. FALAVA SOZINHA, ESQUECIA-SE DAS COISAS, DAS PESSOAS. ATÉ AÍ, CONTUDO, APARENTAVA SER UMA PESSOA NORMAL. Algum tempo depois, perdeu a carteira por causa das multas, o emprego por causa dos atrasos, o marido por causa dos ciúmes. Na lama em que afundou-se, endoidou mais e mais a cada dia e, um dia, ESQUECEU-SE DE SI E DO TEMPO. ENLOUQUECEU DE VEZ, PIROU DE BATER A CABEÇA NA PAREDE E BABAR. Da sua boca só saiam blasfêmias, palavrões, onomatopéias ou monossílabos sem nexo.


O GATO já conhecia a doida. Já entrara sorrateiro em sua casa, VASCULHANDO SUAS COISAS, SUA VIDA E SUA DISPENSA. Em uma manhã mais ensolarada, chegou a pegar (despercebido) uma carona com ela em seu carro zero, com ar-condicionado. À PRIORI ACHOU QUE A VIDA DA DOIDA ERA MUITO BOA. Então, observou-a falando sozinha e, na seqüência, batendo o carro. QUANDO A DOIDA SAIU DO CARRO, ESTAVA POSSESSA. Por um minuto, O GATO ACREDITOU QUE ELA FOSSE ENGOLIR O OUTRO MOTORISTA. No minuto seguinte, todavia, ela acalmou-se tanto que parecia que tinha tido uma visão e santificara-se bem ali, naquele instante. FOI QUANDO O GATO PERCEBEU QUE NÃO ERA MÁ, ERA BIRUTA e apaixonou-se. Portanto, impulsionado sobretudo pelo amor, o gato, mais cedo ou mais tarde, acabou comendo a língua da doida.


Depois disso, O GATO TORNOU-SE VEGETARIANO e passou a viver com a doida. E A DOIDA, sem qualquer papa na língua, PASSOU A TROCAR AQUELA IDÉIA COM A SUA CAIXOLA, de onde ainda saem muitos, muitos demônios. Mas sabe como é, até os demônios aprendem a se domesticar quando são forçados a viver num trailer.


Café doidamente amargo

passado, pelas 21:41 3 comentários

22.10.06

manchúria

a mão queimada me ofereceu um cigarro.
me disse, em tom de confissão, que uma mulher
inventara o nanquim, só podia ter sido.
disse prazer, clarice.
e saí suave,
gueixa reconhecida.

passado, pelas 02:48 4 comentários

15.10.06

Os desapegados


A demissão do amor livre

- Agradeço seu cuidado, amor livre, em dar-nos um aviso prévio de sua demissão. Os outros amores que prestaram serviços, foram embora sem mesmo dizer adeus.
- Muita indelicadeza.
- É, é um problema recorrente nesta área. Você sabe, não há regulamentação para as relações amorosas. São relações regidas apenas pelo acordo verbal, enquanto há um acordo e se consegue verbalizá-lo.
- Quando há o primeiro desacordo...
- Não há palavras. Não há palavras que convertam um amor desgarrado.
- Muita inflexibilidade.
- Realmente, os amores deveriam ser mais flexíveis. Se não aprenderem a ceder, não vão parar em canto algum. Pairarão entre a miséria e a esbórnia, para sempre.
- Nada é para sempre.
- Não, nada é.
- Eu posso até indicar alguém para ficar no meu lugar, se for de alguma serventia.
- Muito gentil de sua parte, amor livre, mas você realmente é um amor insubstituível.
- Ó, mas o que é isso.
- Falo a verdade. Cheguei mesmo a acreditar que você ficaria por muito tempo conosco. Cheguei a pensar que, um dia, você presidiria a nossa companhia.
- Ora, eu? Imagina, é muita responsabilidade.
- Ah, meu amado, tudo tem um preço.
- Tudo não. Sem querer ofender, mas a liberdade é impagável.
- E insustentável. Aqui, conosco, o seu amor será bem-remunerado. Mas lá fora, na vida a fora, ninguém pagará um níquel por todo o seu amor.
- Eu serei amado de volta, em retribuição.
- Hahaha. E desde quando amor enche barriga, meu querido?
- Enche os olhos, de lágrimas doces. E as veias, de sangue quente.
- E a boca, de vermes sujos.
- Não, de saliva divina.
- Além de tudo, você acredita em Deus?
- Acredito no amor divino.
- Ué, esse nunca passou por aqui...
- Ele não passa, ele está.
- Está à paisana, só pode ser. Talvez seja ele o articulador desta diáspora sem fim...
- Enfim, adeus.
- Peraí, peraí. Não quer, pelo menos, receber suas horas extras?
- Você não poderia pagar por elas.

Café Amargo

passado, pelas 01:25 6 comentários

6.10.06

Oremos: Valeu, Brasil!?

Escanteio: P.O abreviado, Arrudeando as donas mulheres do meu Planalto. Lá vem lá ver Arlete, meu povo. Vem nada (o corpo) ta lá estendido e Roriz por cima da carne seca, dos ossos, naticrucificados da periferia, acima do cerrado, abaixo de Paulos? Só de pequenos Otários, patrões sem história, sem plexo ou tatuagem. "Mas antes, preciso de um cinto branco, de um sapato branco e de um olhar neutralizado, sem passado ou posse" limpinho-lavado, no estilo culpado assumido que sabia merda fazer. Mas não, não há corpos, nem dinheiro, nem aterrizagem, muito menos um passado. Só osso, ouço só. Planos. Certeiros olhos das notícias governamentais ou dos políticos cara-cabelos-lambidos, de pau. "Eu prometo, meu povo preto". Os sem dedo mínimo, favor tomar o rumo de casa. Nordeste e Norte lá vai ele, com o milagre: água potável. Aqui, centros cujo fora refletem os de dentro - perfume, gel e la-quê. Passado um tempo, começa a feder.

"Rock`n roll its over, i decide its over."
Valeu, Brazil!? too you - miss U - two - congratulations to expose the hips of tradiction.

Por fora, tô por fora e por dentro; sardinha no eixão apertado, meu-carro-mil e milhões de panfletos engordurados de piche. Eixão-atropelado, com placas fincadas no mato cerrado de Roriz e Abadias e Rodo-valhos. E depois mais três placas seguidas de Chico Floresta. Na testa, o sol. Sob o sol, sabe-se lá. Nuvens carregadas de urubus; massa negrume do meu, teu desespero de cada dia. Terceiro andar. Pular ou escalar? Dois abaixo, candidatos. Lutando junto com a comunidade e com o valeu, Brasil! Pela força desse povo, pelos votos computados, pelos sim e pelos não. Pelas armas, pelo canhão e pelas catapultas. São os mortos lançados no lago/lado norte/sul negro-poluído de algas insones. Eu prometo teu leite, meu preto. Marquemos uma reunião tática. Marquemos um chá branco, um café quem sabe de um lado croissants, de outro, pães duros - nas mãos e nos pés: buracos. Jesus! Mais um ataque periférico. Zoneamento. Região centro-sul da capital: CONIC.

Nem fora nem dentro, só gente e mais gente e mais gente... De-um-lado-para-o-outro. A rodoviária debatendo hippies, rappers, canditados e desempregados. Burguês do caralho, comprando mandato do filho, hoje eleito deputado. Depois não sabe porque o menino sai pela Brasília no seu mercedes esquipado tacando a redonda na cabeça do primeiro preto mal lavado. Música-de-fundo: Os Alckimistas estão chegando, estão chegando os (tchauzinho, beijinho, criancinha, velhinho) Outraoutra: Olha lá vai passando o Xuxu vaselinado, se arrastando que nem um verme por São Paulo... Periferia: negro-drama!

Calma, calma.

Temos vaselina para o caos instalado: gelzinho, cinto, "currião do meu avô", forca, eletrochoques ou nó nos cadarços. Tudo passando, eu passado. A reginaduarte tem medo, minha gente! É tão meiga que nem parece nascida... Neste lugar, tudo enfiado. Cavidades usuais, enfia vai. Enfia por trás então Arrudeando nostro rabo. Ültimo Tango em Brasília. Manteiga, olha a manteiga-mantêga, meo povo. Dormimos de meia, depilamos o sovaco. Lambemos também tuas axilas caso vosso voto seja computado. Karma-Luso-valeu,Brasil!?

Calma, nenê.

Vamos pegar nosso mercedesl outra vez, a boa e a redonda, álcool e muitos fósforos... Pra dar rolê na night in my car. Os filhos do patronato passeando por cima dos índiosnegrospobrescoitadosnochão - chamas, visão do inferno. Sob o Céu de Brasília, com puta ou sem, sob o chão-Conic a maré dos filhos do desgoverno. Aí estamos, região centro sul de Brasília. Visão: passeamos pornôs, putas, piercings, pobres, pastores e pós. Passeamos caralhos, xoxotas e paus e centros urbanificados - dinheiro sujo e dinheiro lavado. Propaganda-poluição. Passamos a bola, e também nos questionamos sobre as moedas de um centavo.

Aliás, já acharam aqueles corpos?

Sétimo dia, momento de transição. Paulo Otávio. Paulo Otávio. Aos domingos, enquanto sentados travamos outra discussão> nosso controle - Faustão X Gugu. Domingo. Domingo. Dia de dizer não.

Calma.

Rimas! Queremos rimas divertidas! Jingles maravilhados. "Wote wasnywasnywasny! Pradeputadofederal". Passa o canal - junte as moedas de um centavo e pague uma tevê a cabo - vote cabo patrício ou um filme pornô -gráfico. 37 mil pés. Sentido Norte X Sul. Suruba. Gooooooolllll! Valeu, Brasil!?

UM MINUTO DE SILÊNCIO EM HOMENAGEM AO LADRÃO.
APROVEITEMOS O MOMENTO, E CELEBREMOS O PATRONATO.
Valeu, Brasil!?

Eles forjaram.
Sabiam-se Bin Ladens.
Sabiam-se culpados.
Aqui, só temos corpos-não-identificados
Vladmir Herzog, jornalista torturado-enforcado. Óbito computado: Suicídio.
Honestino Guimarães: clandestino e desaparecido - After AI-5.

Mea máxima culpa, lava-me, roga a crença. Roga também o sr. Bush e seus filiados. Rogam senhores engravatados, garotinhos e seus pecados. No controle,
Atentados! Foderam o pudor, por trás, estilo-estupro. Quanto mais se pergunta, mas vem mas... Mas;

Onde está o transponder?
Onde estão os corpos?
Onde está meu isqueiro?
Onde estão os culpados?
A mãe do juiz, claro.

O corpo, já disse - Tá lá, lá estendido no chão - meucumpadimybrothermeuirmão.

Restos mortais, restos ancestrais, e muita história pra contar, meu povo. História-Lorota-boa. Hístória mesmo? Só se for entrando por trás, junto a Ditadura do Patronato - que já Passeia Pela Periferia à Procura do Próximo, voto. Roriz até a Raiz, até o Talo.

Linguagem P.
Plano-Brasília: Políticos, putas e pontes - ligando lago a lago.
Plano de vôo ou de governo sempre explodem no lugar errado.

Acima do mato, um único culpado? Na epopéia Cem anos de corrupção trabalha-se atualmente a Nova Culpa Tua. Daqui pra trás, é só história/lorota meu povo. História do Brasil, das direitas diretrizes do Poder - tudo limpinho sim senhor. Bom, é que aqui na fanfarrona costumamos nos desvincular do passado, como fazemos com vocês, índios-negros-tupis-pobres-e-bastrdos. Pó deixar, não esquecemos a Amazônia na mão furada de deus-dará-estadunidense. Querido Tropical Brasil, excelentíssimas florestas - de cavidades não usuais - favor sair do caminho, lá vem o valeu Brasil!? O valeu Brasil!? está no ar. O plano inicial é atacar pelo rabo. Animais alados, aviões desgovernados, o céu está superlotado. Mas não façam dos nossos modos, os teus, senão serão imediatamente encurralados ao estilo ACM. Caminhem pelo centro, ou pelos lados, andem com cuidado, protejam suas reta-guardas pois o que vem de cima é sempre brutal. Resultado: cinzas e ossos. Narizes e braços. Matas? Eu, mato. 155 ou 154?

Salve-nos oh pá, da rima-miséria que assola nosso Bispo, o Rodovalho.
No chão ou no céu, inteiros ou em pedaços, salve o 171 mil votos computados.
Salvem-se vendidos e comprados - à vista ou à prazo.
Senhores Silvios, Deuses, Santos e sua corja de filhos crucificados.
Dai-nos o fogo no rabo dos culpados e a cara de pau do arrependimento pela culpa, mãe de todos os perdões e perdoados.


Valeu, Brasil!?


Guaraná Jesus

passado, pelas 16:03 2 comentários

3.10.06

Trama

Porque a vida é mesmo sair de um pano para o outro. Na segunda, seda rasgada, vem cá que eu te quero. Na terça, o brim começa a pegar, aperta ali e aqui. Quarta, com um quarto da saia e alguma cambraia, põe a mão entre as pernas senão aparece a calcinha - a margarida. Índiga quinta, um jeans no melhor estilo blue, terapia de botões que não abrem. E malha pra sexta, que ninguém agüenta tanta etiqueta, mais vale uns retalhos na mão do que lãs voando. Não me engana: sábado é tafetá, pra perder a compostura e cair de boca, mas com classe. Antes era dia de Deus, mas de celeste só sobra o cetim e um domingo de dar pena às asas dos anjos. Na próxima encarnação quero vir sintética, cem por cento poiléster. Com sorte arranjo algum elastano e fico feliz pra sempre, na ilegalidade do algodão. Porque a vida é mesmo pular de um palco para o outro.

passado, pelas 21:27 3 comentários