23.2.08

de querer

se é pra escolher
seja você
e seja hoje
se depois
flor(e)(s)cer
botão em mim
fruto azul
de querer
avisa lá
que eu não vou
de manhã

esperei o trem
passará?
troquei os itinerários
agora a rota
é outra
sabe lá

vão dizer
me perdi
vou levar
seu chapéu
e pedir
pra Xangô
martelo e agogô

samba fosse
seria
de amor.

passado, pelas 19:53 8 comentários

19.2.08

Atenção para o samba exaltação


Ela disse.

- Deixa de preguiça mulher.

A outra espreguiça, boceja e enguiça.

- Arre-égua. Dá uma trégua.

- Não dou que isso é coisa de puta. E de puta, basta a vida. Ouça.

- ...

- Recorda a mulher que ganhou o tempo?

- Aquela que remoçou e que o tempo passou a comê-la com seu consentimento.

- A própria. Mais hora, menos hora é preciso atenção para o samba exaltação.

- Porque nem tudo é carnaval, há sangue sobre o chão e há,
bem ou mal, todo tipo de santo e de animal.

- Há sim embaixo do não. E vice-versa. O mangue ao lado do vão.

- Normalmente, não tente muito espaço pra conversa.
Não invente nas quarta após o Maraca, da estácio a coelho.

- Ou brasil, por cima, se for mengão e se não for pentelho.

- Se não, bater uma bola com o infectologista, meio febril.
Ou então, não bater e não sair com o saco vermelho, ainda que menos viril.

- Hoje o céu tava fechado. Muito chato. Mas medo de chuva não tenho.

- Atenção para o sim, feito véu, sobre o não. Tenha mais medo da luva que do palavrão.

- Pois não. Não há fim antes do serão.

- E há, em toda prisão um estandarte.

- Portanto não infarte com o pinguim dentro do vulcão. Nem tudo que é lance, é arremate.

- Você vai de açaí, de suco de pequi ou de mate?

passado, pelas 12:42 1 comentários

18.2.08

recorte aqui

imaginou um barco que pudesse pular ondas, tudo em papelão.
questionou a intenção: queria transformar tudo numa coisa mais fácil,
não porque fosse difícil, só preferia mais fácil.
procurou papelão em tudo quanto foi caixa, rua, favela.
perguntou-se por quê: era que o barco, pensava, tinha que ser grande,
não porque pensasse grande, mas grande é mais bonito.
comprou nylon para pendurar as peças e balançar, enquanto filmava:
faria do jeito que imaginara, achava bonito o vaivem do papelão contra o fundo branco.
decidiu que não seria branco, o fundo, e pensou em comprar tecido.
queria que tudo fosse preenchido, não porque não gostasse de branco,
mas preenchia espaços, era o que fazia.
imaginou que uma figura humana faria bem, de modo geral.
imaginou-se no vídeo e pensou que não, não seria ele: não porque não fosse bonito – não que ele achasse -, mas não conseguia ser o que não era.
não.
reimaginou tudo, do começo, com novas figuras.
deixaria mais branco, ficaria com céu ao invés de mar.
insistiria no navio, pintaria as nuvens de cores diferentes.
recortou – sem linha pontilhada - duas figuras humanas de papelão: não que acreditasse, mas sempre faria o esforço.

passado, pelas 21:00 2 comentários

7.2.08

que o quê?

o sorriso de teus lábios frouxos
o viço de teus punhos cerrados
o verde disfarçado de teus roxos

não me enganam mais


o loiro de teus cabelos negros
a negritude de tua alma burguesa
a plenitude de teu zelo e de tua destreza

não me enganam mais

sem mais e bem antes do cais,
eu lhe pergunto
sem trunfos nas mangas
e sem palavras-pelancas:

que o quê?

passado, pelas 01:18 2 comentários

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