18.2.08

recorte aqui

imaginou um barco que pudesse pular ondas, tudo em papelão.
questionou a intenção: queria transformar tudo numa coisa mais fácil,
não porque fosse difícil, só preferia mais fácil.
procurou papelão em tudo quanto foi caixa, rua, favela.
perguntou-se por quê: era que o barco, pensava, tinha que ser grande,
não porque pensasse grande, mas grande é mais bonito.
comprou nylon para pendurar as peças e balançar, enquanto filmava:
faria do jeito que imaginara, achava bonito o vaivem do papelão contra o fundo branco.
decidiu que não seria branco, o fundo, e pensou em comprar tecido.
queria que tudo fosse preenchido, não porque não gostasse de branco,
mas preenchia espaços, era o que fazia.
imaginou que uma figura humana faria bem, de modo geral.
imaginou-se no vídeo e pensou que não, não seria ele: não porque não fosse bonito – não que ele achasse -, mas não conseguia ser o que não era.
não.
reimaginou tudo, do começo, com novas figuras.
deixaria mais branco, ficaria com céu ao invés de mar.
insistiria no navio, pintaria as nuvens de cores diferentes.
recortou – sem linha pontilhada - duas figuras humanas de papelão: não que acreditasse, mas sempre faria o esforço.

passado, pelas 21:00

2 Comments:

At fevereiro 19, 2008 12:57 PM, Blogger passado disse...

preencher espaços.
com uma pitada psicodélica.
é o que faço.
...
não vi que estava a furar teu olho,
carus marcus.

e a carô? donde andô?

 
At fevereiro 19, 2008 6:53 PM, Blogger passado disse...

e acho que mais picotado, esse texto dá um picado e um diálogo apimentado.

 

Postar um comentário

<< Home

Powered by Blogger