16.2.07

2007: a odisséia de Bush pelo buraco-negro.
uma retrospectiva jubalina

OS ASTROS PODERIAM EXPLICAR,
mas porque espionados, não vem a calhar.
Os orixás até podem ser chamados,
mas entre a festa de Iemanjá e o carnaval,
estão muito ocupados e concentrados nas bahias de lá.


Os psicólogos, os sociólogos, os antropólogos,
os antropofágicos... todos de celulares desligados.
DESDE AQUELE AVIÃO.


Pra não deixar a mensagem após o bip, porque, afinal,
o quê é um bip?

Cada qual no seu tempo,
e em tempo, eu trago
os votos mofados de um ano novo.
Se não comovo,
é que o amargo do mofado, de fato.
Não é doce. Contudo, como o fungo supremo,
os aspones e os trambones: têm seu valor
transcendental.

É UM BIP OU UM SINAL?

EU DESEJO A VOCÊ TESOURA, PEDRA E PAPEL.

DESEJO QUE CORTE os cabelos nas luas certas,
eliminando as pontas duplas e embelezando
os pontos (de vista) duplos, triplos, múltiplos.

Pra ter várias tomadas e CONSEGUIR O CORTE CERTO.

Chegue junto: SEM ASPAS* (*adotar o estilo mais sincero).
Às más-línguas, internas ou externas: tesoura.
Agoura: saravá.
Contudo:TER A PEDRA NA MÃO É BOM.

Não é fora do tom alucinar.

Quando os cortes da vida são muito secos.
O trem que chega é o mesmo da partida:
vá lá, com todo respeito.
Ás vezes, temos que fechar pra balanço.
DESDE AQUELE TREM.

Todavia, eu desejo que seu brilho.
NUNCA SEJA OFUSCADO PELA FOLHA EM BRANCO.
Seja a de pagamento, a de planejamento, a de lamento.
RABISQUEMOS NOSSA ESQUISITICE.

Se ficar dentro, viramos bolha.

Salvo enganos e excessos, liberar é o melhor remédio.
Salvar-se do médio: o direito à cultura e à loucura.
E se vacilarmos:
TOMEMOS AS MULTAS QUE PODEMOS PAGAR.

DESEJO AINDA O FIM DO VOTO DE PATO.
Uni-vos: terráqueos e alienígenas.
Dizem à boca miúda,as boas línguas,
que é a vez daquele negro e daquela mulher.

Eua: quero é ver.

HAPPY NEW YEAR, MY GOOD FELLAS.

passado, pelas 21:05 2 comentários

madurar
para maria alice

era uma alegria
- não. era diferente,
pois alegria ainda não era conceito
aos quatro anos.
era uma coisa boa, como é
coisa boa mamãe me beijar nas narinas,
entrelaçar as cordas do balanço pra girar,
ficar sem respiração de tanto correr.

era uma agonia doída de tão correta,
meus dedos eram agora levados por
minha cabeça
- eu, daqui de cima, vos ordeno.
letra por letra, e eram incontáveis dez,
escrevi.
entendi meu nome como quem entende
não o de uma rainha
mas de uma estrela, de uma flor.
entendi meu destino em cada traço e em
cada pingo, cada curva tortuosa de uma consoante.

era mãe e era lírica,
era boa, era boa.

passado, pelas 16:52 3 comentários

11.2.07

náutica

invento essa embarcação
pois em outra não cabe
meu corpo
minha tripulação

e sendo assim
projetada desde o ponto
o primeiro poro
viajo até onde
o tempo for amanhã
e amanhã for longe

só vela ao léu
ausente
distante como convém
navegar.

passado, pelas 21:57 2 comentários

8.2.07

Morro lá

O cristo lá em riba
O quisto cá embaixo
o corcovado
as ancas.
Não que alguém lhe proíba.
Mas não chore as pitangas.
Não implore.
Abaixo do Equador
não falta
calor.
Uma bala.
É pouco
é quase nada.
Engrosse o coro.
Sem choro
sem vela.
Por uma bagatela.
Que hoje tá em liquidação
o coração.
É queima de estoque
de ilusão.
Não teima.
Que um dia é caça
outro é caçador.
Caçoe
a dor.

passado, pelas 03:05 3 comentários

2.2.07

ladeira
ou a arte de descer para cima

aprendi a enterrar, ao invés de ossos,

cinzas,
contrariando o código vira-lata dos meus órgãos.

mesmo sabendo que não só de pão o homem viverá,
recuso a palavra
- por não saber usá-la em termos práticos:
quinze e trinta e o evangelho segundo os meus
não me assalta.

um dia
foi preciso olhar para trás
para não se ver no espelho.
viu os calcanhares e percebeu
que eram eles, não os dedos ou as veias
ressaltadas,
que o mantinham de pé.

confundiu minuano e labareda
e saiu flamejando,
bandeira de um povo que é só,
em si, povo de um só.

não quero ter brasão para não me apegar.
os que nascem de mim, poucos, vão se
esvaindo.
e eu, pós-trauma, dramático,
enterro meus filhotes para não imolá-los.

o menino sentado no muro ouviu a sirene
do colégio
e saiu correndo,
certo de que tinha muito o que aprender.

passado, pelas 02:23 3 comentários

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