2.2.07

ladeira
ou a arte de descer para cima

aprendi a enterrar, ao invés de ossos,

cinzas,
contrariando o código vira-lata dos meus órgãos.

mesmo sabendo que não só de pão o homem viverá,
recuso a palavra
- por não saber usá-la em termos práticos:
quinze e trinta e o evangelho segundo os meus
não me assalta.

um dia
foi preciso olhar para trás
para não se ver no espelho.
viu os calcanhares e percebeu
que eram eles, não os dedos ou as veias
ressaltadas,
que o mantinham de pé.

confundiu minuano e labareda
e saiu flamejando,
bandeira de um povo que é só,
em si, povo de um só.

não quero ter brasão para não me apegar.
os que nascem de mim, poucos, vão se
esvaindo.
e eu, pós-trauma, dramático,
enterro meus filhotes para não imolá-los.

o menino sentado no muro ouviu a sirene
do colégio
e saiu correndo,
certo de que tinha muito o que aprender.

passado, pelas 02:23

3 Comments:

At fevereiro 02, 2007 12:22 PM, Anonymous Anônimo disse...

povo de um só. povo que somos.

poema-escudo-labareda.

 
At fevereiro 02, 2007 12:22 PM, Anonymous Anônimo disse...

povo de um só. povo que somos.

poema-escudo-labareda.

 
At fevereiro 05, 2007 7:03 PM, Anonymous Anônimo disse...

sebo nas canelas
na goela
soberba

 

Postar um comentário

<< Home

Powered by Blogger