Antes que falência de mim.
Eu falo pelos cotovelos e penso em atropelo.
Há voz no meu coração, mas é rouca, é pouca.
É um sopro no olho do furacão.
Porque é tudo politicamente correto.
E sobretudo, é protocolo.
É certo que eu embolo.
Porque eu estou bolada.
Alguma coisa acontece no meu coração,
mas é em off.
Cof, cof, cof.
Matemos a charada.
Na bastilha, o código decodifica-se
nas entrelinhas.
A palavra solta, o verbo desenfreado
bem como a mudez mordaz
são as grades de uma mesma prisão.
É nesta cela em que padece a intenção
mais sagaz.
Mas não chorarei
pela saliva derramada,
pelo latim desgastado.
Nos bastidores, o texto é o sub-texto.
Nu e cru, sem ardores.
Se até Deus precisou de luz
para fazer tudo do nada,
enquanto houver trevas é só ensaio.
Depois do fim do mundo,
eu falarei pouco e bem.
Eu farei juz ao além.
Depois do fim do mundo,
o dito não ficará pelo não dito.
passado, pelas 18:49
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Lambilente.Uma lágrima cristalizou.Lambe o torrão.Era doce.Como é doce o mar.Como é doce não mais chorarpelo que passou.Ao ontem dizer nãoé convidaro amanhã à entrar.A mesa posta, a sua espera.Os pratos vazios esperam a quebra.Porque a fome é esta e não outra.Entoateu canto mais antigo.Mais legítimo.Mais autêntico.Que instinto não se compra.Nem se pega emprestado.De fato,ele é congênito.
passado, pelas 10:02
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Breve
CENA 1. Int. Apartamento. Noite
MULHER pega a chave e tranca a porta. Verifica a maçaneta, fecha as cortinas. A partir de hoje, teria um segredo.
CENA 2. Int. Apartamento. Noite
Acende um cigarro,
_____HOMEM
_____Merda.
desliga a televisão. Vai para a janela, resolve gritar. Ouve o eco virando a esquina, desanima, dorme.
CENA 3. Ext. Padaria. Dia
Acende um cigarro, atravessa a rua. Entra na padaria.
_____MULHER
_____Um pingado.
_____FUNCIONÁRIA
_____Um segundo.
_____MULHER
_____Um calor, né?
_____FUNCIONÁRIA
_____Um fenômeno.
Paga a conta, toma o café,
CENA 4. Ext. Rua. Dia
vira a esquina. Resolve gritar.
EFEITO: Um meteoro se aproxima no horizonte.
passado, pelas 00:34
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