um poema que não pode ser sobre amor
está escrito em algum lugar
aquele que nada diz
senão sobre o que flutua
que se perde no anseio
e mergulha no tempo
por mero querer saber
esse poema seria
talvez sobre o esquecimento
muito mais o de si
do que o dos gestos
daquilo que ousam chamar de história
por isso não o nomeiam épico
e a ele devotam nenhum palanque
no alto de suas verves prosaicas
eu, decerto, jamais o li
e quem ouvi recitar
um ou dois dos seus versos
tampouco o sabia completo
guardei, contudo, a sensação das frases
o som de algumas palavras
e pude imaginar outras
lembrando, sempre
que não se irradiavam
de paixão que fosse
e, sim, de um estado mais cru
de um ímpeto terno
e fatal
um estado de cura anterior
o que arranca o coração do corpo
não como quem se torna ileso da perda
apenas para devolver-lhe a pureza.
passado, pelas 19:33
2 Comments:
ai... aí, gostei.
Sem nem o que dizer...
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