2.9.08

precisaria inventar outra gramática para escrever os versos chorosos vertidos nessa hora cinza ainda que de sol triste mesmo azul ausente de mim como se essas mãos nunca tivessem tocado nada além do travesseiro molhado da noite passada da tarde congelada na lembrança rubra de um amor descuidado de tão secreta luz nessa história leviana de olhares despistados por medos e agruras aquelas ainda tardias que me tocam o peito e não saem de férias mesmo na lua cheia como os livros todos espalhados pela mesa e o café de dias atrás borrando o fundo das canecas e agora é pó por toda a casa toda a sala numa penumbra imensa e cortante de mostrar veias abertas pés trôpegos levantando da cama sem ter sequer destino além do espelho que me envia a mesma imagem cega e doente da repulsa desse corpo pequeno e sem carinho até que o telefone toca e o coração chega na língua mas não diz porque não há linha que me costure a ti fatigada de soluços e pigarros e não mais suspiros de uma silhueta apenas deitada sonhando em ser a mulher da tua vida pra sempre no meio da fumaça daquele cigarro que não fumo porque faltou o centavo a carta o tempo de picar os únicos minutos de sossego que são aqueles que antecedem o desgosto que é quando eu sinto que nada mais posso levar além de panos nessas tramas estranhas do meu rosto esse caminho de água no chão do pensamento mais novo também se eu não existo sem um instante do seu beijo mais arbóreo querendo ser botão e ficar naquela camisa nova ainda que escondido esse não é o mais bonito traço da composição numa partitura sem escalas pra outras ilhas e daquela nave vejo um aceno talvez o teu dizendo adeus e pronto talvez doce como espero sorrindo depois se abrindo em pétalas no teu caminho mais zeloso e sim dirão passional o seu delírio não vale uma titica no mundo de dois mais dois só que um é aqui e amanhã sei que não bastou janeiro fevereiro março no seu abraço abril partiu meu corpo em mil e aqui a solidão vai buscar quem se esconde de mim traz de volta aquele véu de manhã clara e pão na estrada a paz em algum canto novo do universo deve haver um lugar onde felicidade não custa caro e é mais leve que pena não sou borboleta e meu vôo é rasante por isso caio e hoje foi queda livre no poço e de lá grito só sou e ponto

passado, pelas 21:03

2 Comments:

At setembro 03, 2008 11:51 PM, Anonymous Anônimo disse...

.

... pois relação,
tecid@ à dois,
é como escrevo Arte:

calçada onde se demoram ipês.


e quando a vista não alcança
(ou inspiração é pouca)


descanso a mão


que a falta de tato
deixa os pontos frouxos,
fracos


(poesia vira prosa; sagrado, sobra)


e cansa a beleza da poesia.





'sobre tremer'

 
At setembro 07, 2008 11:16 PM, Blogger Unknown disse...

represália não-ensaiada, mas está indicada.

 

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