4.4.08

a CANETA de JULIETA

E se Julieta não tivesse fincado, em si, um punhal?
A partir daí, é a vida malagueta, a vida severina,
esse necessário mal.
Por aqui não é oferecida a cura, apenas a rima
e um tanto de pecado mortal.

A essa altura, todo ato é sacrilégio. Que na falta de veneno,
é a tinta da caneta, um santo remédio.
Quando o texto impõe-se à página,
nada se oferece além do espanto.
Nada mais que o canto
de quem se estremece, muito mais e sobretudo,
com o presente que com o futuro.

Que o amanhã a Deus pertence
e em seu reino dorme a mente sã.
Portanto, aqui é o lugar de uma cabeça com pouco sono
e um corpo cheio de demônios.
Por enquanto, não cabem nem os sinônimos.

Aqui o papo é reto. A caneta desentope o ralo do inferno.
E o cheiro aguenta quem pode.
Daqui ninguém sai de alma lavada. Ela fica, no máximo, torcida.
Coisa pra moça de muito saco e de muita fibra.

passado, pelas 01:06

1 Comments:

At abril 16, 2008 12:53 PM, Anonymous Anônimo disse...

minha penúria se desnunda, acida(a)mente.

 

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