31.10.07

Quebre a perna.

Tendo caído em Minas, eu diria

- vai ser gaúche na vida.

Mas eu fui pregar as asas em outro lugar.

Embora tão distante quanto do mar.
Nesse centro-oeste, a brisa
é de centro-esquerda.

Não se paga bundalelês em vernissages.
Não traga sua ira, seus protestos ou suas baguetes.

Guarde sua fita vermelha.
Esconda sua tatuagem.
Aqui não acampamos em reitorias.

Eu, pessoalmente, desconto nas folhas- alho.

Uso pelo menos três dentes
que é pra, em casa, espantar mal-olhado
e, fora de casa, impregnar o planalto

cheio de vampiros.

Eu respiro o azul infindo desse céu
mas sinto falta daquele vento na cara
ainda que, depois, barrado pelos arranha-céus.

Ás vezes é barra. Mas dancemos o ballet:
com muita garra, chega-se à ponta.

Pois é.


Eu não saberia fazer as contas,
mas eu sei que passei da idade
de lidar com tanta improbidade administrativa.

Eu fiz as minhas tentativas.
Dali passei às apostas.
Findas as fichas, eu passei aos trancos e barrancos.

Pode-se dizer que eu me engano
Eu não ligo, eu ando na joça.
Do bêbado ao equilibrista,
eu sou todo aquele fio.

Se falta carne eu compro osso.
Se falta brilho, pego fila pelo brio.

Porque não se pede socorro quando ser é estar em apuros.

Deus está muito apegado às culpas
e os caboclos, ás vezes, dão suas surras.
É antes por indecisão que por injúria, eu juro.

Eu tenho os pés frouxos, desde que caí.

Mas taí.

Eu não fiz tudo pra você gostar de mim.

Na verdade, eu só queria quebrar o silêncio.
Mas antes, quebra-se as pernas.
A vida, deveras, é um teatro.
De um não-se-sabe-quê-tempo.
E toda mandiga pra pisar no palco

tem seu valor.











passado, pelas 01:56

1 Comments:

At maio 01, 2008 3:33 PM, Blogger passado disse...

acho esse texto massa, datado, pessoalmente valoroso. mas dá pra limpar alguma coisinha, mas boto fé de mandar pro expresso 333. esse recado é pra mim mesma, pra eu não esquecer, hahaha. marcus e carol, não me internem. sigam o meu exemplo!

 

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