3.11.06

Indícios

corrupta com requintes me deixa o teu amor.
[ana cristina cesar]


Contam que naquela cama, um dia, cometi um crime.

Há muito corrupta, não pude perceber a impureza do fato. Com requintes de puta me condenaram: choquei todos os ovos enquanto fritava os meus. O falo que nunca tive me foi tomado e no lugar colocaram desafeto. Desafeto gratuito quando nada pedi além de engano.

Os indícios foram duas línguas cruzadas e humores impossíveis de estancar. O delatante foi quem sabe o mesmo que me ouviu gritar. E de dia vestiu a carapuça da valentia e esqueceu das pratas e agonias.

O que aqui se faz é pago em outro lugar. As cortinas têm listras e, temendo reincidência, durmo na única cadeira da cela. Ela é o centro da minha espera. A de um dia ser desejo além do segundo que dura qualquer gozo.

passado, pelas 21:24

5 Comments:

At novembro 04, 2006 1:26 AM, Anonymous Anônimo disse...

A impureza do fato.

 
At novembro 04, 2006 2:38 AM, Anonymous Anônimo disse...

sua cara mesmo...

 
At novembro 04, 2006 11:57 PM, Anonymous Anônimo disse...

um tapa.

 
At novembro 08, 2006 3:29 PM, Anonymous Anônimo disse...

Lindo Carô Verde.

 
At novembro 08, 2006 5:03 PM, Anonymous Anônimo disse...

não é detenta;
só comete poemas :~

passado

 

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