13.11.06

As intermitências do marrom


Hoje, meu bem,

é um dia marrom.

Daquele marrom que não é

bem cor,

que não acalma, nem agita.


Hoje pinta

a atmosfera

um canto sem som.


Canto mudo,

em todo canto marrom,

Em todo tanto, um tanto dor.


Mas é uma dor de

tinta guache,

permita

que eu revele.


Que eu não eleve,

Este quadro pardo sobre a água.

Que no fim,

no meio do deserto

É ela,

e não outra.

Que salva, que lava.

A cara-ameixa,

este limite do tapa, do tempo.

Da técnica do sofrimento

e suas pinceladas-rugas


Porque nesta cidade seca,

meu bem,

É preciso aproveitar bem

a chuva.


Hoje, a chuva é

ETERNA.

E o marrom derrete.

Hoje tudo é turvo e é inerte.


Mas amanhã, ah meu bem, amanhã.

Não háverá manhã.

A única certeza é a seca

e este horizonte que,

não obstante,

se confunde com a terra.



Café coado, fraco, marrom

passado, pelas 06:03

5 Comments:

At novembro 13, 2006 11:28 AM, Anonymous Anônimo disse...

Clap
Clap
Clap
Belíssimo poema.

Célio Pedreira

 
At novembro 13, 2006 1:26 PM, Anonymous Anônimo disse...

no limite do tapa, barroso-brasília-brasil.

aff.

eu gostei do ritmo,
delícia.

 
At novembro 15, 2006 4:27 AM, Anonymous Anônimo disse...

Eu, costumeiramente, diria algo preguiçoso. Um comentário, assim meio relacionado, com um jogo de sentido, daqueles de brincadeirinha com fundo pseudo-cult. Hoje eu não digo. Não digo, não digo. Hoje quem diz é você.

 
At novembro 15, 2006 5:56 PM, Anonymous Anônimo disse...

pirei el cabezón.

 
At novembro 20, 2006 7:46 PM, Blogger loki, disse...

noh, excelente (detesto me repetir).

abs.

 

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