As intermitências do marrom
Hoje, meu bem,
é um dia marrom.
Daquele marrom que não é
bem cor,
que não acalma, nem agita.
Hoje pinta
a atmosfera
um canto sem som.
Canto mudo,
em todo canto marrom,
Em todo tanto, um tanto dor.
Mas é uma dor de
tinta guache,
permita
que eu revele.
Que eu não eleve,
Este quadro pardo sobre a água.
Que no fim,
no meio do deserto
É ela,
e não outra.
Que salva, que lava.
A cara-ameixa,
este limite do tapa, do tempo.
Da técnica do sofrimento
e suas pinceladas-rugas
Porque nesta cidade seca,
meu bem,
É preciso aproveitar bem
a chuva.
Hoje, a chuva é
ETERNA.
E o marrom derrete.
Hoje tudo é turvo e é inerte.
Mas amanhã, ah meu bem, amanhã.
Não háverá manhã.
A única certeza é a seca
e este horizonte que,
não obstante,
se confunde com a terra.
Café coado, fraco, marrom
passado, pelas 06:03
5 Comments:
Clap
Clap
Clap
Belíssimo poema.
Célio Pedreira
no limite do tapa, barroso-brasília-brasil.
aff.
eu gostei do ritmo,
delícia.
Eu, costumeiramente, diria algo preguiçoso. Um comentário, assim meio relacionado, com um jogo de sentido, daqueles de brincadeirinha com fundo pseudo-cult. Hoje eu não digo. Não digo, não digo. Hoje quem diz é você.
pirei el cabezón.
noh, excelente (detesto me repetir).
abs.
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