vapores
gosto das suas camisas de botão
e pinto as unhas de rubro
pra ficar bonita a combinação
como se o sangue do seu peito
passasse pras minhas mãos
pra eu te manchar todo
de boca-baton imaginário
deitada, não vejo as suas pernas
por perto
mas sei que estão ao lado
das minhas coxas cobertas
no limite da cama
é ainda seu corpo longo
que me arrasta aventura adentro
para o centro da tarde
onde estamos nus:
eu e a sua imagem
é o gosto de acordar
ouvindo sussurros daquela poesia
ainda tépido você fala
que um dia fará tudo igual
com exceção de cortar os pulsos
que isso não é jeito de se matar
mas que garante os pássaros
rios pêssegos seios e cigarros
além da prova cabal
dos líquidos vertidos sorvidos
no lençol de linho antigo
que roubamos de outro varal
na hora de ler o jornal
sei que você vai rir
e dizer que naquela manhã
estarei propensa a calor humano
um pouco irritada em caso de engano
e especialmente doce ao sul
para provar outra vez
a incerteza de sua astrologia
volto do banho vestida
e preparo um café amargo
te chamo pra dançar comigo
quero pisar nos seus pés
fazer passos de tango
com colher no lugar de rosa
te beijar sabendo a menta
mentir que sempre fui santa
enquanto você descose a saia
e trança a porta da sala
pra vazar por janela aberta
o que há de suspenso e tenso
nos vapores da nossa erupção.
passado, pelas 15:45
6 Comments:
Evaporou.
Sempre achei cortar os pulsos um excelente jeito de se matar.
Acho q vc vai sentindo a vida ir embora... deve doer, mas nem tanto.
Ok, faz suheira, mas não seria eu a limpar a sujeira depois, seria?
Ou então tomando um montão de remédio pra dormir, pq n dói.
Agora, pular de prédio e ficar toda espatifada? Neeeem. Fora q deve doer um montão, nem q seja por meio segundo.
No mais, gostei.:)
Quem fez?
Não, definitivamente não foi um suicídio.
Nova Anais Nin em versos.
É forte e é lindo.
ficou lindjo o trem. Ó, arrepiei na manhã de domingo.
perdi o reprise e tudo.
eu não fiz esse texto.
é uma daquelas coisas que a gente nunca vai entender porque morreu, amargou, sem fazer.
mas fico feliz por ainda estar viva
e ainda mais
quando senti a mão íntima, segura, desta cumplicidade humana
no ombro dos meus segredos
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